Primeiro : Como nos vemos, vemos os outros e os outros nos vêem
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Estarão os outros a consentir a nossa existência? Seremos meros vizinhos que pouco espaço ocupam e portanto pouco interesse têm? Ou para outros vizinhos distantes, seremos mais do que um nome ou tão-pouco isso conhecem da Pátria que nos acolhe? Terá sido assim a nossa história?
Dizem-nos os livros que nos últimos 878 anos tudo menos consentimento foi oferecido pelos outros à alma Lusitana que incontáveis vezes se viu forçada a cortar as estacas que a feriam e a uni-las num único lenho que nos daria acesso ao mar da liberdade, da independência.
Mas o que é ‘independência’? O prefixo in- está associado na nossa língua à expressão da ideia de negação, sugerindo assim a negação de uma dependência e logo da subordinação face a terceiros. A primeira questão que se põe é, será Portugal verdadeiramente independente, na sua mais profunda acepção da palavra? Dedicar-nos-emos mais tarde a este assunto.
Indepêndencia está assim ligada a um outro conceito verdadeiramente fundamental da concepção de Nação, a Soberania.
A palavra soberania tem a sua origem em soberano que por sua vez deve a sua existência ao latim medievo superanu (‘que está por cima’). Jean de Bodin (1530-1596) foi quem talvez tenha dado inicio a um certo conceito de soberania que evolui significativamente até obtermos a noção tal como hoje a reconhecemos e aceitamos mas para aqual dificilmente encontramos palavras suficientemente fortes e claras que não a deixem perecer na incapacidade dos símbolos em atingir o que tem uma dimensão quase sobre-humana apesar de ter em nós a sua própria génese .
Insta sublinhar que a soberania é intemporal, ou antes atemporal e verdadeiramente absoluta e daí que compõe o primeiro e talvez mais significativo elemento para uma Unidade da Nação, do Estado e do Povo, ao contrário dos regimes e sistemas políticos que são em si mesmos efémeros, esgotáveis e substituíveis tendo por propriedade fundamental o Servir a Nação enquanto conceito cultural e efectivo com as várias dimensões que a constituem, terminando aí mesmo a sua essência e razão de ser.
A Soberania reside assim em todos os Portugueses (sim com P maiúsculo por representar mais do que o povo, mas o seu carácter distintivo, uma vez mais sem limites de tempo ou espaço), os que Foram, os que São e os que Serão, sendo assim inalienável por não ser propriedade de qualquer geração, de qualquer regime, de qualquer Estado.
Podemos pois arriscar concluir que a Independência é o resultado directo do exercício da Soberania por um Estado em um tempo e espaço definido.
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